A escola é o lugar onde passamos a maior parte da infância. É onde aprendemos e ganhamos conhecimentos que levamos para o resto da vida. É também onde fazemos amizades e criamos valores: trabalhar em grupo, ter responsabilidade, ganhar maturidade. Mas a escola tem outra responsabilidade — ser um lugar seguro. Um lugar onde possamos errar, escolher, ser nós próprios e crescer com as nossas diferenças. Para mim, a escola falhou nessa responsabilidade. Desde o meu 7.º ano, a escola começou a perder a cor. Deixou de ser o lugar onde eu me sentia bem. Comecei a sofrer bullying. Quando mudei de escola, pensei que seria a oportunidade perfeita para recomeçar. Mas enganei-me. O que vivi na nova escola foi mil vezes pior. Durante o 8.º e 9.º ano, o medo tornou-se parte da minha rotina. Passei ter medo de ir para a escola. Planeava os caminhos mais “seguros” pelos corredores, evitava cruzar-me com quem gozava comigo. Esperava mais tempo para ir ao refeitório, para não ter de os encontrar. ...
Nos aeroportos portugueses repete-se a mesma cena: jovens de mochila às costas, diplomas acabados de conquistar e bilhete só de ida. Destinos? Londres, Roterdão, Berlim. Motivos? Salários que não chegam, contratos que não seguram e rendas que engolem o futuro. Portugal continua a formar os seus melhores talentos — mas são outros países que lhes dão casa. Basta uma ida ao Aeroporto de Lisboa numa segunda-feira de manhã para perceber o fenómeno: filas cheias de jovens adultos, muitos em grupo, quase sempre carregados de malas grandes. A partida tornou-se rotina. De acordo com o Atlas da Emigração Portuguesa, cerca de 30% dos nascidos em Portugal entre os 15 e os 39 anos vivem atualmente no estrangeiro — mais de 850 mil pessoas. Só entre 2020 e 2023, em média, 70 mil jovens de 25 a 34 anos saíram do país todos os anos. A maioria parte para Alemanha, França, Reino Unido e Países Baixos, atraída por melhores salários e oportunidades de carreira. As razões são conhecidas: salários baixos, pr...