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Mensagens

A escola tem de ser segura!

  A escola é o lugar onde passamos a maior parte da infância. É onde aprendemos e ganhamos conhecimentos que levamos para o resto da vida. É também onde fazemos amizades e criamos valores: trabalhar em grupo, ter responsabilidade, ganhar maturidade. Mas a escola tem outra responsabilidade — ser um lugar seguro. Um lugar onde possamos errar, escolher, ser nós próprios e crescer com as nossas diferenças. Para mim, a escola falhou nessa responsabilidade. Desde o meu 7.º ano, a escola começou a perder a cor. Deixou de ser o lugar onde eu me sentia bem. Comecei a sofrer bullying. Quando mudei de escola, pensei que seria a oportunidade perfeita para recomeçar. Mas enganei-me. O que vivi na nova escola foi mil vezes pior. Durante o 8.º e 9.º ano, o medo tornou-se parte da minha rotina. Passei ter medo de ir para a escola. Planeava os caminhos mais “seguros” pelos corredores, evitava cruzar-me com quem gozava comigo. Esperava mais tempo para ir ao refeitório, para não ter de os encontrar. ...
Mensagens recentes

Diplomas na mão, bilhete de ida: a geração que Portugal deixa partir

Nos aeroportos portugueses repete-se a mesma cena: jovens de mochila às costas, diplomas acabados de conquistar e bilhete só de ida. Destinos? Londres, Roterdão, Berlim. Motivos? Salários que não chegam, contratos que não seguram e rendas que engolem o futuro. Portugal continua a formar os seus melhores talentos — mas são outros países que lhes dão casa. Basta uma ida ao Aeroporto de Lisboa numa segunda-feira de manhã para perceber o fenómeno: filas cheias de jovens adultos, muitos em grupo, quase sempre carregados de malas grandes. A partida tornou-se rotina. De acordo com o Atlas da Emigração Portuguesa, cerca de 30% dos nascidos em Portugal entre os 15 e os 39 anos vivem atualmente no estrangeiro — mais de 850 mil pessoas. Só entre 2020 e 2023, em média, 70 mil jovens de 25 a 34 anos saíram do país todos os anos. A maioria parte para Alemanha, França, Reino Unido e Países Baixos, atraída por melhores salários e oportunidades de carreira. As razões são conhecidas: salários baixos, pr...

O Dia D da Democracia

  No próximo dia 12 de outubro, Portugal viverá o seu Dia D. As eleições autárquicas não são apenas mais um ato eleitoral: são o momento em que cada cidadão tem o poder de decidir o rumo da sua terra. Estas eleições chegam num contexto inédito. Pela primeira vez, o partido da extrema-direita surge com uma dimensão nacional e com ambição de conquistar câmaras municipais. As autárquicas, que deveriam ser a avaliação do trabalho feito pelos autarcas e da proximidade que estes mantêm com a população, correm o risco de ser transformadas num palco de ódio, mentira e populismo. Não podemos permitir que o medo e a manipulação sejam o critério do voto. O culto do líder e o envenenamento do debate político não são compatíveis com a democracia que conquistámos com tanto esforço. É por isso que os democratas, os cidadãos com bom senso, os que amam Portugal e acreditam nos valores de Abril, têm hoje uma responsabilidade acrescida. Temos de falar com os descontentes, mostrar o trabalho realizado...

Trabalhar para viver, não para o Estado

  Se já recebeste o teu primeiro salário, sabes bem a sensação: olhas para o recibo e pensas “espera aí, quem é que ficou com metade disto?” A resposta é simples: o Estado. Antes de o dinheiro chegar à tua conta, já uma boa fatia foi embora em impostos e contribuições. E não penses que acaba aí. No café, no passe, no supermercado, em quase tudo o que compras, lá está o IVA. Ou seja, mesmo depois de te pagarem menos, ainda és taxado outra vez quando vais gastar o pouco que sobrou. O problema é que, apesar desta carga fiscal absurda, os serviços que deviam funcionar... não funcionam. Tens amigos a esperar meses por uma consulta no SNS. Professores que faltam nas escolas. Transportes públicos que falham. Burocracia que parece não acabar. A pergunta é inevitável: se já pagamos tanto, porque é que recebemos tão pouco? Para quem é jovem, isto torna-se sufocante. Como é que alguém consegue juntar dinheiro para sair de casa dos pais, lançar um negócio, ou simplesmente viver com dignidade, ...

Juventude Presente - Democracia Viva

Estamos a aproximar-nos de novas eleições autárquicas e há uma questão que não pode nem deve ser ignorada, “qual será o papel dos jovens neste momento decisivo?” A juventude, em regra, é uma palavra estruturante e fundamental nos discursos políticos, onde os jovens são vistos como o “futuro do país”, no entanto mais parece uma palavra para adornar as intervenções, pois flutua e nunca materializa numa verdadeira participação concreta e ativa dos jovens em lugares onde possam ter voz, reconhecimento e que lutem pelo que acreditam, ficando em segundo plano, pois “palavras, leva-as o vento”. Os jovens são, sobretudo, o presente, é aqui e agora que estudamos, trabalhamos, inovamos e que queremos participar ativamente na sociedade, é também neste presente que temos de assumir a nossa responsabilidade como cidadãos conscientes e comprometidos. A indiferença tem sido, ao longo dos anos, um dos maiores perigos para a democracia. Quando não participamos, abrimos espaço para que outros decidam po...

Mariana Mortágua e Fernão de Magalhães. Qual o mais revolucionário?

Como dizia Miguel Cervantes: “Não existe maior loucura no mundo do que um homem entrar no desespero.”  Parece-me que a política portuguesa colocou Mariana Mortágua num estado de total desespero, e aceitar viajar duas semanas ao lado de Greta Thunberg é a maior prova de insanidade. “Navegar é preciso” Foi este o mote com que Mariana Mortágua finalizou o seu discurso. E, como habitual, os dogmas não faltaram... “The world is being saved by the Palestinian people.” Foi a frase que ficou. Não só pela demagogia, mas também pelo aproveitamento político. E com isso, gostava de questionar a grande navegadora Mariana Mortágua sobre o seguinte: Estamos a ser salvos de quê? Não vi nenhum palestiniano a apagar incêndios. Não vi nenhum palestiniano a defender o estado português. Mas se houve coisa que não vi, nem vejo, foi um povo livre em Gaza. Para Mariana Mortágua, esta viagem é um autêntico tiro nos pés, é a prova da hipocrisia, mas não acaba por aqui... Nas mesmas declarações disse o segui...

O “algoritmo P” e o caso Felca: a adultização nas redes sociais

  No dia 7 de agosto deste ano, o criador de conteúdos brasileiro Felipe Breassamin Pereira, mais conhecido como Felca, publicou um vídeo de 50 minutos no YouTube que chocou a Internet. Nele, denunciou a exploração de menores constante que acontece debaixo dos nossos narizes todos os dias nas redes sociais. A publicação, de carácter sensível e, no mínimo, angustiante, acumulou 49,5 milhões de visualizações em apenas três semanas. Apesar de tudo o que escrevo aqui, nada substituirá a visualização do vídeo, que pode ser encontrado no canal de YouTube do Felca e que recomendo a todos, especialmente aos pais e/ou aos responsáveis por menores. Grande parte dele gira em torno do caso específico de Hytalo Santos, um dos mais chocantes no momento, mas, infelizmente, não o único. Do grupo organizado por Hytalo fazem parte vários menores de idade, tanto rapazes como raparigas, que são constantemente gravados, expostos e publicados nas redes sociais nos mais variados contextos: desde menore...