A escola é o lugar onde passamos a maior parte da infância. É onde aprendemos e ganhamos conhecimentos que levamos para o resto da vida. É também onde fazemos amizades e criamos valores: trabalhar em grupo, ter responsabilidade, ganhar maturidade.
Mas a escola tem outra responsabilidade — ser um lugar seguro. Um lugar onde possamos errar, escolher, ser nós próprios e crescer com as nossas diferenças.
Para mim, a escola falhou nessa responsabilidade.
Desde o meu 7.º ano, a escola começou a perder a cor. Deixou de ser o lugar onde eu me sentia bem. Comecei a sofrer bullying. Quando mudei de escola, pensei que seria a oportunidade perfeita para recomeçar. Mas enganei-me. O que vivi na nova escola foi mil vezes pior.
Durante o 8.º e 9.º ano, o medo tornou-se parte da minha rotina.
Passei ter medo de ir para a escola. Planeava os caminhos mais “seguros” pelos corredores, evitava cruzar-me com quem gozava comigo. Esperava mais tempo para ir ao refeitório, para não ter de os encontrar. Deixei de ir à casa de banho. Abrandava o passo quando os via à frente. Fingia-me de forte para os meus amigos, como se nada me afetasse, mas em casa chorava todas as noites.
As notas caíram. A ansiedade cresceu. Perdi peso. A minha saúde começou a deteriorar-se. Fiz queixa do que estava a viver — mas nunca me ajudaram.
Fizeram sessões da GNR sobre bullying. Lembro-me de estar sentado a ouvir o guarda falar dos sintomas de quem sofre bullying e sentir as mãos a suar, as lágrimas a cair. Eu pensava: “Como é possível, numa escola cheia de gente, ninguém ver o que está a acontecer?” Implorava em silêncio para que alguém me visse.
O que eu vivi, muitos outros vivem.
Por isso escrevo isto — porque não quero ficar indiferente. Não quero só apontar o dedo aos que tornaram a minha vida num inferno, quero ajudar a mudar o que está errado.
A escola deve ser um lugar de aprendizagem e crescimento — não um lugar de medo. Está na hora de ouvirmos quem sofre, de lhes dar apoio real e de criarmos escolas onde possamos caminhar pelos corredores sem sentir terror no peito.
Rodrigo Francisco Pereira Barbosa
Estudante de Línguas e Humanidades, 10° ano.
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